Cirurgia de estrabismo: 9 dúvidas comuns sobre o procedimento

estrabismo

Você sabia que qualquer pessoa que tenha estrabismo pode se submeter à cirurgia de correção? Isso quer dizer que não há um limite de idade. Ou seja bebê, criança, adulto, e idoso, de 0 a 100 anos. Tendo desalinhamento dos olhos e saúde para ser submetido à anestesia geral ou local, o paciente pode ser operado. Claro que com exames pré operatórios e avaliações adequadas prévias para medida do desvio.

Por isso, trouxe aqui as 9 dúvidas mais comuns sobre a cirurgia de estrabismo e também falo um pouco das técnicas utilizadas nela. Vamos lá?

1. Qual é o melhor momento para operar estrabismo?

Um dos grandes mitos acerca do estrabismo é a idade da cirurgia. E muita gente diz que a criança é muito pequena para operar ou que é adulto e não adianta mais fazer cirurgia porque já passou do tempo. É claro que para cada tipo de estrabismo existe uma janela de tempo ideal. Mas não existe uma contra indicação absoluta relacionada à idade.
Quando operar estrabismo na infância?

A esotropia congênita, que é o estrabismo convergente, ou seja olho desviado para dentro, que aparece no bebê desde os 4-6 meses de idade. Esse bebê PRECISA ser operado entre 6-18 meses. Esse é o período ideal para que algum grau de visão binocular possa ocorrer. A visão binocular é a capacidade de a pessoa usar os dois olhos ao mesmo tempo para enxergar. E isso só vai acontecer se for operado precocemente.

2. Adianta operar estrabismo no adulto?

Claro que sim! O sucesso da cirurgia é o mesmo na infância ou na vida adulta. E se houver visão dupla, ou seja, a diplopia, ainda há o benefício de resolver este sintoma tão incômodo. E para quem enxerga mal de um olho e esse olho desviou para fora ao longo dos anos, pode operar para melhorar a estética e a qualidade de vida. Tem grandes chances de sucesso e os pacientes ficam super satisfeitos!

3. Mas o Estrabismo pode voltar?

Esta pergunta é muito comum e você pode me dizer: eu operei e meu estrabismo voltou! Infelizmente isso pode ocorrer. Na minoria dos casos. A cada 10 pacientes operados 2 podem ter recidiva. E se ocorrer, pode operar novamente, com chance maior de sucesso.

Então para os adultos sempre é tempo de alinhar os olhos. Se tiver boa visão nos dois olhos pode melhorar a visão binocular, coordenação motora, resolver diplopia, e melhorar a estética!
E para as crianças, o tempo é fundamental! Para alguns tipos de estrabismo como a esotropia congênita, se houver atraso no tratamento pode acontecer uma perda da capacidade de usar os dois olhos juntos, causar ambliopia que é o olho preguiçoso e interferir no desenvolvimento da visão como um todo.

4. Qual o melhor momento de operar para cada tipo de estrabismo?

Esotropia congênita, que é o desvio convergente que aparece antes dos 6 meses, deve ser operado entre 9-15 meses de vida. Já a exotropia intermitente, um desvio para fora que ocorre em alguns momentos do dia, pode ser corrigida em qualquer momento da vida.

Muitos outros tipos de desvio ocorrem na infância e para cada um há o melhor momento de indicar cirurgia para sua correção.

5. E como é a recuperação da cirurgia?

  • A dor em geral é leve a moderada. Analgésicos simples são o suficiente para controlar a dor, na maioria dos casos.
  • Em geral recomendamos afastamento da escola ou do trabalho por 7-10 dias.
  • Os olhos ficam vermelhos em geral por 20-30 dias.
  • São usados colírios de antibióticos e anti-inflamatório por alguns dias.
  • É recomendado evitar exercícios físicos extenuantes e banho de mar e piscina por 20-30 dias.
  • Exercícios leves podem ser realizados após a primeira semana.
  • Crianças podem brincar normalmente evitando traumas e quedas (por exemplo: evitar andar de bicicleta, pular em cama elástica, entrar em piscina de bolinhas).
    Pode haver visão dupla, que na maioria das vezes, é temporária.

6. Quais são os tipos de técnicas de cirurgia?

  • Sutura Ajustável

A cirurgia de estrabismo com sutura ajustável é usada em alguns casos nos quais é necessário proceder a um ajuste fino da posição dos olhos durante o ato operatório.
Em pacientes adultos é possível realizar esta técnica com a colaboração do paciente, que permanece acordado durante a cirurgia, sob anestesia tópica com colírios. Esta técnica é utilizada principalmente em casos de diplopia e o paciente consegue perceber melhora do sintoma durante o próprio procedimento.
O músculo do olho é colocado no local definido pelo médico e, se for necessário o ajuste, o médico pode desfazer o nó realizado e reposicioná-lo.

  • Incisão Fórnice

A incisão em fórnice para cirurgia do estrabismo foi desenvolvida nos Estado Unidos pelo Dr. Marshal Parks e difundida amplamente nas décadas de 80 e 90. Dr. Marshal Parks dizia que esta técnica é mais difícil para o cirurgião e melhor para o paciente. Isto porque a recuperação é mais rápida e causa menos inflamação. E um cirurgião bem treinado nesta técnica é capaz de realizar esta cirurgia de forma rápida e segura.
A diferença para a técnica limbar tradicional é a localização da incisão, que fica debaixo das pálpebras, causando menos desconforto e um número menor de pontos.

Além dessas vantagens, é uma técnica muito boa para cirurgia de músculos oblíquos e verticais, que estão envolvidos no estrabismo vertical, aquele no qual o olho se encontra mais alto ou baixo que o normal.
A Dra. Luisa Hopker teve a oportunidade de aprender nos Estados Unidos com um dos Fellows do Dr. Marshal Parks – Dr. David Weakley – e foi pioneira na introdução desta técnica em Curitiba.

Esta técnica de cirurgia de correção do estrabismo, minimamente invasiva, é ofertada em poucos centros do país, e está na rotina do Hospital de Olhos do Paraná, inclusive pelo sistema público de saúde (SUS). Ela é indicada par adultos jovens e crianças. As crianças são muito beneficiadas com a rápida recuperação e menores cicatrizes. É empregada ainda, para casos de reoperação e, em pacientes com alterações de músculos oblíquos. A procura por ajuda médica, no entanto, precisa ser precoce, para impedir a evolução da doença.

A Dr Luisa Moreira Hopker, introduziu este novo procedimento na rotina do Hospital de Olhos em 2012. Ela explica que, “o grande diferencial” da nova técnica, denominada de “incisão fórnice”, reside no tamanho da incisão, que é muito menor comparativamente à tradicional. Além disto, o corte pequeno permanece encoberto pela pálpebra, tornando mais confortável o pós-operatório e propiciando maior segurança.

7. E Porquê operar estrabismo?

Crianças estrábicas são vítimas de preconceito na escola, e podem sofrer bullying. Adultos, por simplesmente terem desvio ocular, podem ser taxados de menos capazes, como mostram estudos que avaliaram qualidade de vida em pacientes com estrabismo. Consequentemente, têm maior dificuldade de relacionamento e, inclusive, para obter emprego, o que os torna com baixa auto-estima.
O número de portadores de estrabismo no Brasil, segundo dados do IBGE, não é pouco, atingindo 2 a 4% das crianças na primeira infância. Estudos realizados na Suécia comprovam que pessoas estrábicas têm menos chances de conseguirem um emprego, comparativamente àquelas que não são estrábicas.

8. O estrabismo tem prazo de validade ou pode voltar?

Sim, infelizmente pode. Mas a boa noticia é: a cada 10 pacientes operados, 8 ficam ótimos.
Uma dúvida que sempre surge com cirurgias oftalmológicas é se os problemas podem voltar mesmo após de realizadas. No caso do estrabismo, é verdade que o problema pode voltar. Porém, é importante ressaltar que isso acontece na minoria nos casos. A mudança do alinhamento após a cirurgia acontece pois ela se baseia no reposicionamento ou encurtamento dos músculos oculares. Os resultados cirúrgicos são preditos por tabelas, o que abre margem para exceções já que os músculos relacionados ao estrabismo são dinâmicos. No entanto, na grande maioria dos casos em que mais de uma cirurgia é necessária as chances de sucesso aumentam e o resultado é em geral excelente.
Ou seja, não se preocupe! Siga as orientações, mantenha o contato com seu oftalmologista e tudo correrá bem.

9. Tenho medo da anestesia geral para o meu filho. O que fazer?

O medo é normal. Ainda mais quando falamos dos nossos filhos. Mas a anestesia geral em crianças hoje é muito segura e o procedimento é rápido. Em geral, para a criança ser anestesiada, operada e voltar para você vê-la demora em torno de uma hora e meia. As crianças não ficam com “trauma” depois e em algumas horas estarão brincando novamente.

Essas foram as dúvidas mais comuns!

A cirurgia resulta em melhora significativa na qualidade de vida no aspecto psicossocial e estético. A autoestima melhora e com isso muitos aspectos da vida também! A importância do tratamento, independente da idade, interfere significativamente no bem-estar do paciente.

Leia também Estrabismo: quais são os tipos e qual o tratamento, clicando aqui.

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